10 de dezembro de 2025

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Escola na Bahia causa revolta ao amarrar aluno negro em apresentação sobre Consciência Negra

Atividade realizada no Colégio Adventista de Alagoinhas gerou indignação nacional

Redação Africanize | 27/11/2025
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Reprodução Internet

Uma apresentação realizada no Colégio Adventista de Alagoinhas, no interior da Bahia, provocou revolta nas redes sociais e mobilizou especialistas em educação antirracista. Durante uma atividade escolar sobre o Dia da Consciência Negra, um aluno negro foi colocado amarrado a um tronco, enquanto um aluno branco aparecia fantasiado de “fazendeiro”, segurando um chicote.

A cena, registrada em fotos e vídeos divulgados pela própria escola, viralizou rapidamente e recebeu críticas contundentes de internautas, educadores, movimentos sociais e parte da própria comunidade escolar.

O caso chamou atenção não apenas pelo simbolismo de violência, mas pelo fato de ter sido realizado justamente durante um evento que deveria valorizar a cultura negra, promover memória histórica com responsabilidade e reforçar o compromisso da escola com uma perspectiva antirracista.

Em poucos minutos, as imagens circularam por todo o país. Para especialistas, a escolha pedagógica evidencia um profundo desconhecimento sobre práticas de ensino que respeitem a dignidade das crianças negras. Representá-las como pessoas escravizadas, enquanto colegas brancos assumem papéis de poder, reforça estereótipos e reativa traumas históricos que não devem ser estetizados nem encenados dessa forma, especialmente dentro de instituições de ensino.

Educadores apontam que a escola reproduziu hierarquias raciais, mesmo que o objetivo fosse “retratar um contexto histórico”. Muitos pais e responsáveis afirmaram que a atividade ultrapassou qualquer limite pedagógico e expôs crianças negras a uma situação constrangedora e violenta.

A resposta da escola

Após a repercussão negativa, o colégio divulgou uma nota dizendo que as imagens compartilhadas eram “trechos isolados” de uma apresentação maior e que houve “interpretação equivocada” do público. A instituição afirmou repudiar o racismo e disse que o objetivo da atividade era promover reflexão.

A justificativa foi considerada insuficiente por parte da comunidade local e por especialistas em educação antirracista, que reforçam: não existe contexto que legitime amarrar uma criança negra a um tronco dentro de uma instituição educativa.

O episódio reacende o debate sobre como escolas privadas e públicas lidam com o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira, obrigatório pela Lei 10.639/03.

Segundo especialistas, práticas pedagógicas mal conduzidas, especialmente aquelas que colocam corpos negros em posições de dor ou subjugação, violam princípios básicos de proteção, empatia e respeito.

De acordo com o Censo 2022 do IBGE, pessoas pretas e pardas representam 55,5% da população brasileira. Mesmo assim, casos como este revelam que o racismo estrutural ainda se manifesta em instituições que deveriam garantir acolhimento, segurança e aprendizagem crítica.

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Redação Africanize